segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Hoje ainda é Advento

O Advento é o tempo litúrgico que antecede o Natal. São quatro semanas nas quais somos convidados a esperar Jesus que vem, um tempo de preparação e de alegre espera do Senhor. Até um tempo atrás, se associava o advento com o tempo da quaresma, tempo de jejum e penitência. Mas na verdade, o advento é um tempo de alegre esperança da chegada do Senhor. Jesus vem e isso é motivo de muita alegria. Na verdade, Jesus já veio e virá uma segunda vez. Esse é o ensinamento da Igreja. Mas nosso encontro com Jesus acontece todos os dias, na pessoa dos nossos irmãos e irmãs, de um modo especial os mais sofredores. Nosso encontro definitivo com Jesus se dará quando morrermos e participarmos com ele de sua glória. Por isso, como cristãos, somos convidados a viver num constante advento, antecipando esse encontro definitivo.

(adaptado de texto disponível aqui )

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Gracias a la vida (Dou graças à vida)

Dou graças à vida que tem me dado tanto
Me deu dois luzeiros, que quando os abro
Perfeitamente distingo o preto do branco
E no alto do céu seu fundo estrelado
Nas multidões o homem que eu amo.

Dou graças à vida que tem me dado tanto
Me deu o ouvido, que em toda sua amplidão
Grava noite e dia grilos e canários
Martelos, turbinas, latidos, chuvadas
E a voz tão terna do meu bem-amado.

Dou graças à vida que tem me dado tanto
Me deu o som e o abecedário
Com ele as palavras, que penso e declaro
Pai, amigo, irmão e luz iluminando
A rota da alma do que estou amando.

Dou graças à vida que tem me dado tanto
Me deu a marcha dos meus pés cansados
Com eles andei cidades e charcos
Praias e desertos, montanha e plano
E a casa tua, tua rua e teu pátio.

Dou graças à vida que tem me dado tanto
Me deu o coração, que agita seu ritmo
Quando vejo o fruto do cérebro humano
Quando vejo o bom tão longe do mau
Quando vejo a profundeza de teus olhos claros.

Dou graças à vida que tem me dado tanto
Me deu o sorriso e também o pranto
Assim eu distingo, dita de quebranto
Os dois materiais que formam meu canto
E o canto de vocês que é o mesmo canto
E o canto de todos que é meu próprio canto.

(letra de música de Violeta Parra, compositora chilena, traduzida por Márcia Viegas; tradução disponível aqui e letra original aqui )

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Dia de Ação de Graças

Você sabe como começou a história do Dia de Ação de Graças? Em geral, pensamos que o Dia de Ação de Graças é um feriado exclusivamente dos Estados Unidos, mas na verdade existe uma grande tradição de celebrações na época da colheita. Gregos, romanos, chineses, judeus, egípcios e outros povos já celebravam o sucesso das colheitas com festas e banquetes, agradecendo aos deuses.
O Dia de Ação de Graças atual tem suas principais origens na história dos Estados Unidos. Em 1609, um grupo de puritanos que estava fugindo da perseguição religiosa na Inglaterra foi viver na Holanda e, em seguida, na América. Em setembro de 1620, um grupo de 110 puritanos, chamados de peregrinos, chegou ao Novo Mundo e se acomodou na cidade de Plymouth, hoje Massachusetts. O primeiro inverno dos peregrinos foi tão intenso que menos de cinqüenta pessoas conseguiram sobreviver. Em de março de 1621, dois índios abnakis – Samoset e Squanto – chegaram ao povoado e ajudaram os peregrinos a sobreviver: ensinaram como extrair seiva das árvores, como evitar plantas que eram venenosas e como plantar milho e outros alimentos. A colheita de outubro foi muito bem-sucedida, em grande parte graças à ajuda dos nativos norte-americanos. Os peregrinos tiveram comida suficiente para o inverno e tinham aprendido a sobreviver no Novo Mundo. O governador dos peregrinos, William Bradford, decidiu realizar um banquete de celebração e convidou os vizinhos nativos norte-americanos, que também trouxeram comida. A celebração durou três dias. O Dia de Ação de Graças não está ligado a uma religião específica e as pessoas podem celebrá-lo da maneira como quiserem. As únicas tradições essenciais são fazer uma refeição com amigos ou com a família e agradecer pelo que se tem.

(adaptado de texto disponível aqui )

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Oração de Ação de Graças

Nós Te agradecemos
porque Tu és o Senhor, nosso Deus,
e o Deus de nossos pais.
Nós Te agradecemos por nossa vida
entregue em tuas mãos,
por nossas almas confiadas a Ti,
pelos prodígios que dia após dia operas em nós,
pelas coisas maravilhosas e pelas obras de bondade
que realizas em cada tempo, à tarde, de manhã e ao meio-dia.

(oração judaica, citada por padre José Ivo Follmann, coordenador do Programa “Gestando o Diálogo Inter-Religioso e o Ecumenismo”, da UNISINOS, disponível aqui )

terça-feira, 24 de novembro de 2009

Deus está me esculpindo

DEUS...
não me criou, está me criando
não me formou, está me formando
não me chamou, está me chamando
não me amou, está me amando
não me disse, está me dizendo
não me salvou, está me salvando.

EU...
não cheguei lá, estou indo
não virei santo, estou sendo santificado
não me converti, estou me convertendo
não me encontrei, estou me encontrando
não sei o suficiente, estou aprendendo.

DEUS...
não me responde tudo, ensina-me a pensar
não me leva sempre, manda-me caminhar
não faz tudo por mim, ensina-me a fazer
não me empurra, aponta a direção
não me mostra tudo, dá sinais
não pára o rio, ensina-me a atravessá-lo
não tira os obstáculos, ensina-me a superá-los.

EU...
não sou um nada, eu somo e multiplico
não sou coisa, sou pessoa
não sou número, sou indivíduo
não sou qualquer, sou alguém
não me sobreponho, ponho-me no meu lugar
não passo por cima, caminho ao lado
não me deixo pisar, mas também não piso.

É Deus primeiro, depois eu e os outros, lado a lado.
Se tiver que perder algumas vezes, entenderei.
Daqui do meu ângulo, o mundo tem um só EU.
Além do meu pequeno "eu" o mundo tem 6,5 bilhões de “outros”.
O que mais existe no mundo é o "outro".
Não posso querer que tudo passe pelo meu inacabado eu.
Por isso, tomarei cuidado com este pronome.
“Eu demais” quase sempre quer dizer “outros de menos”.
Certamente não sou e não serei pessoa nota 10. Não sou máximo.
Além disso, o PROCOM não costuma recomendar produtos falsos.
Sou obra imperfeita e inacabada.
O jeito é deixar que Deus termine o que começou em mim.

(texto de padre Zezinho, disponível aqui )

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Tanquinho de areia

Um menininho brincava no tanque de areia da praça naquela manhã de sábado. Tinha com ele sua caixa de carrinhos e caminhões, seu balde plástico e uma pá vermelha brilhante. No processo de criar estradas e túneis na areia macia, ele descobriu uma pedra grande no meio do tanque de areia. O menino cavou ao redor da pedra, conseguindo desalojar a sujeira. Com muito esforço, usando as mãos e os pés em todas as posições possíveis, ele conseguiu empurrar a pedra através do tanque de areia. Era um menino muito pequeno e a pedra, para ele, era enorme. Quando o menino alcançou a borda do tanque de areia, ele descobriu que mais difícil ainda ia ser passar a pedra sobre a pequena parede. Determinado, o menininho empurrou, empurrou e empurrou, mas a cada vez que ele achava ter feito algum progresso, a pedra virava e rolava de volta para o tanque. O menininho grunhiu, lutou, empurrou, mas sua única recompensa era ter a pedra rolando de volta, esmagando seus dedinhos rechonchudos. Finalmente rompeu em lágrimas de frustração.
Durante todo o tempo, seu pai o observava de sua janela, aguardando o desenvolvimento de todo o drama. No momento em que as lágrimas caíram, uma sombra grande caiu sobre o menino. Era seu pai. Suavemente mas com firmeza, ele disse:
- Filho, por que você não usou toda a força que você tinha disponível?
Derrotado, o menino respondeu:
- Mas eu usei, pai! Usei toda a força que eu tinha!
- Não, meu filho, corrigiu o pai bondosamente. - Você não usou toda a força que você tinha. Você não me pediu ajuda!
E o pai do menino se abaixou, pegou a pedra e a retirou do tanque de areia.

(autor desconhecido; texto disponível aqui )

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Coexistência

A Coexistência não é necessariamente aprender a viver junto, mas talvez aprender a viver lado a lado. Muitos de nós têm esperança de uma existência pacífica, mas infelizmente todos os dias ainda há violência e terrorismo contra pessoas inocentes em muitos cantos do mundo. As pessoas sensatas deveriam receber a mensagem de coexistência e levá-la em seus corações e mentes. A pobreza e a riqueza extremas existem lado a lado com uma grande disparidade. A hostilidade e a desconfiança crescem do outro lado das cercas que as pessoas constróem. Faríamos bem em aprender a apoiar ao invés de enfraquecer um ao outro e aprender a entender as diferenças entre nós e estimar e valorizar essas diferenças. O mundo em que nós vivemos hoje precisa de muita boa vontade e amor. A mensagem de tolerância e compreensão precisa ser ouvida em cada canto do mundo e em todos os locais possíveis. O que precisamos hoje em muitos lugares no mundo é mais consideração, carinho, humildade e amor. Não podemos continuar a educar as gerações futuras com base na diferença. Não podemos permitir que mal-entendidos triunfem sobre a percepção e compaixão dentro de nós. Temos que ter esperança e agir, cada um de nós e todos nós juntos. Se cada um, à sua maneira, pensasse sobre como pode contribuir, mesmo que de forma pequena, mas significativa, para a mensagem de que todas as pessoas são iguais e responsáveis pelas outras, haverá uma manhã em que acordaremos em um mundo melhor.

(adaptado de texto de Raphie Etgar, do projeto “Coexistence”, disponível aqui )

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Consciência da diferença

O sociólogo português Boaventura de Sousa Santos nos trouxe um dos mais lúcidos ensinamentos. Segundo ele, “devemos lutar pela igualdade toda vez que a diferença nos inferioriza, mas também devemos lutar pela diferença toda vez que a igualdade nos descaracteriza”. No próximo dia 20 de novembro, Dia Nacional da Consciência Negra, será um momento oportuno para refletirmos essa questão. É dia de honrarmos nossas raízes guerreiras, que nos ensinaram a resistir e a nos afirmar pela igualdade. Mas também é dia de honrarmos nossas raízes fraternas, que nos ensinaram a permitir e a lidar com a diversidade. É nesse sentido que a contribuição negra precisa se dizer forte, precisa se dizer completa, não só porque queremos ser iguais, mas porque também queremos o desigual, porque queremos acolher a diferença. A grandeza da existência humana é poder trabalhar com a pluralidade, é poder ter a grandeza de compreender nas diferenças o conjunto da igualdade humana. Por isso, esse dia é uma belíssima oportunidade para celebrarmos a diversidade como fundamento e valor da humanidade.

(adaptado de texto de Gilberto Passos Gil Moreira, músico e ex-ministro da Cultura, disponível aqui )

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Consciência Negra: é preciso aceitar que o preconceito existe

O preconceito diz respeito a idéias formuladas “a priori”, "antes de conhecer", sobre as qualidades físicas, morais e intelectuais de indivíduos, e que conferem a esses indivíduos uma situação de inferioridade. Pela sua subjetividade, o preconceito é mais difícil de ser combatido e mais demorado para ser desconstruído. Entretanto, qualquer que seja a motivação — raça, cor, origem, classe social — o preconceito constitui um fator determinante da qualidade das relações entre aquele que se considera “superior” e aquele que é considerado “inferior”. É nessas relações que o preconceito se revela, sob a forma de discriminação. Orientada pelo preconceito, a discriminação é a ação concreta, que vai desde a afirmação verbal da inferioridade — os xingamentos, os tratamentos pejorativos — até as situações de humilhação e as iniciativas no sentido de impedir ou dificultar a comprovação de que essa inferioridade é infundada. Assim, pela sua concretude e objetividade, a discriminação racial pode ser identificada e deve ser combatida, tanto em nome do respeito ao ser humano quanto pelos princípios democráticos que igualam negros e não-negros como cidadãos. Todavia, a realidade indica que o caminho para o equacionamento da questão racial no Brasil tem algo em comum com o tratamento para o alcoolismo: o primeiro passo para a superação é aceitar que o problema existe.

(adaptado de texto de Azuete Fogaça, professora da Universidade Federal de Juiz de Fora e da Universidade Estácio de Sá do Rio de Janeiro, publicado no O Globo Online, em 22/04/2005, disponível aqui )

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Prece da Herança

Senhor, sou um, entre milhões de seres humanos, e me apresento diante de ti. Venho falar-te de uma herança que recebi de ti. Venho dizer que me sinto pequeno diante do que me pedes e, às vezes, não me sinto capaz.
Mas quero dizer também que amo o que me propuseste. Compreendo que não devo ser florista, nem vendedor de sal, mas sim, jardineiro e sal. Preciso trabalhar, cada dia, para poder fazer a minha parte. Vejo que ninguém vai construir aquilo que eu devo construir. Percebo que sou uma parcela importante. Gostaria de ser um artista a trabalhar este mundo cheio de tantas coisas belas. Dá-me, Senhor, a consciência de que o mundo precisa de minhas mãos. Dá-me coragem para me preparar bem e assim poder levar adiante a herança gloriosa que me deixaste. Quero trabalhar como alguém significativo para o mundo. Ajuda-me a ser uma fonte de água viva e uma fonte de tua luz.
Amém!

(texto de padre Tiago Alberione, fundador da congregação dos padres Paulinos e das irmãs Paulinas, disponível aqui )

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

A Cidade dos Resmungos

Era uma vez um lugar chamado Cidade dos Resmungos, onde todos resmungavam, resmungavam, resmungavam. No verão, resmungavam que estava muito quente. No inverno, que estava muito frio. Quando chovia, as crianças choramingavam porque não podiam sair. Quando fazia sol, reclamavam que não tinham o que fazer. Os vizinhos queixavam-se uns dos outros, os pais queixavam-se dos filhos, os irmãos das irmãs. Todos tinham um problema, e todos reclamavam que alguém deveria fazer alguma coisa.
Um dia chegou à cidade um mascate carregando um enorme cesto às costas. Ao perceber toda aquela inquietação e choradeira, pôs o cesto no chão e gritou:
- Ó cidadãos deste belo lugar! Os campos estão abarrotados de trigo, os pomares carregados de frutas. As cordilheiras são cobertas de florestas espessas, e os vales banhados por rios profundos. Jamais vi um lugar abençoado por tantas conveniências e tamanha abundância. Por que tanta insatisfação? Aproximem-se, e eu lhes mostrarei o caminho para a felicidade.
Ora, a camisa do mascate estava rasgada e puída. Havia remendos nas calças e buracos nos sapatos. As pessoas riram ao pensar que alguém como ele pudesse mostrar-lhes como ser feliz. Mas enquanto riam, ele puxou uma corda comprida do cesto e a esticou entre dois postes na praça da cidade.
Então, segurando o cesto diante de si, gritou:
- Povo desta cidade! Aqueles que estiverem insatisfeitos escrevam seus problemas num pedaço de papel e ponham dentro deste cesto. Trocarei seus problemas por felicidade!
A multidão se aglomerou ao seu redor. Ninguém hesitou diante da chance de se livrar dos problemas. Todo homem, mulher e criança da vila rabiscou sua queixa num pedaço de papel e jogou no cesto.
Eles observaram o mascate pegar cada problema e pendurá-lo na corda. Quando ele terminou, havia problemas tremulando em cada polegada da corda, de um extremo a outro. Então ele disse:
- Agora cada um de vocês deve retirar desta linha mágica o menor problema que puder encontrar.
Todos correram para examinar os problemas. Procuraram, manusearam os pedaços de papel e ponderaram, cada qual tentando escolher o menor problema. Depois de algum tempo a corda estava vazia.
Eis que cada um segurava o mesmíssimo problema que havia colocado no cesto. Cada pessoa havia escolhido o seu próprio problema, julgando ser ele o menor da corda.
Daí por diante, o povo daquela cidade deixou de resmungar o tempo todo. E sempre que alguém sentia o desejo de resmungar ou reclamar, pensava no mascate e na sua corda mágica.

(texto retirado de “O Livro das Virtudes II”, de William J.Bennett, disponível aqui )

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Muito além de uma porta

Se você encontrar uma porta a sua frente, poderá abri-la ou não. Se você abrir a porta, poderá ou não entrar em uma nova sala. Para entrar, você vai ter que vencer a dúvida, o titubeio ou o medo. Se você venceu, você deu um grande passo: nesta sala vive-se. Mas também tem um preço: são inúmeras as outras portas que você descobre. O grande segredo é saber quando e qual porta dever ser aberta. A vida não é rigorosa: ela propicia erros e acertos. Os erros podem ser transformados em acertos, quando, com eles, se aprende. Não existe a segurança do acerto eterno.
A vida é generosa: a cada sala em que se vive, descobrem-se outras tantas portas. A vida enriquece a quem se arrisca a abrir novas portas. Ela privilegia quem descobre seus segredos e generosamente oferece oportunas portas.
Mas a vida pode também ser dura e severa: se você não ultrapassar a porta, terá sempre essa mesma porta pela frente. É a repetição perante a criação. É a monotonia cromática perante o arco-íris. É a estagnação da vida.
Para a vida, as portas não são obstáculos mas diferentes passagens...

(texto de Içami Tiba, disponível aqui )

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

A camisa de um homem feliz

Um califa sofrendo de uma doença mortal, estava deitado sobre almofadas de seda. Os raquins, os médicos de seu país, reunidos ao seu redor, concordaram entre si em que apenas uma coisa poderia conceder cura e salvação ao califa: colocar sob sua cabeça a camisa de um homem feliz.
Mensageiros em grande número saíram buscando em toda cidade, toda vila e toda cabana por um homem feliz. Mas cada pessoa por eles interrogada nada expressava senão tristeza e preocupações. Finalmente após ter abandonado toda a esperança, os mensageiros encontram um pastor que ria e cantava enquanto observava seu rebanho.
- O senhor é feliz? – perguntaram os mensageiros.
- Não posso imaginar alguém mais feliz que eu – disse o pastor, rindo-se.
- Então, dê-nos tua camisa. O califa precisa dela para ser curado.
Mas, para a surpresa dos mensageiros, o pastor respondeu:
- Eu não tenho nenhuma camisa!
Essa notícia patética, de que o único homem feliz encontrado pelos mensageiros não possuía sequer uma camisa, deu o que pensar ao califa. Por três dias e três noites ele não permitiu que nenhuma pessoa se aproximasse dele. Finalmente, no quarto dia, fez com que suas almofadas de seda e suas pedras preciosas fossem distribuídas entre o povo. Daquele momento em diante, o califa ficou saudável e feliz outra vez.

(texto retirado do livro “O mercador e o papagaio”, de Nossrat Peseschkian, disponível aqui )

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Deus existe e ama

Deus existe, e se Ele existe, Ele ama. É inconcebível, vai contra a lógica, é totalmente inadmissível a idéia de que Deus possa odiar. Ele não seria Deus se odiasse. E se Ele amasse, ainda que só um pouco menos, também não seria Deus. Por isso, Deus existe e ama, porque amar para Deus é a mesma coisa que existir; existir, para Deus, é a mesma coisa que amar. Se Deus deixasse de amar Ele deixaria de existir. Um ser humano pode existir e não amar, mas Deus não pode. Quando digo que Deus ama, afirmo que Deus existe. Quando afirmo que Deus existe, afirmo que Ele ama, e não apenas que Ele tem amor; como São João, eu digo que muito mais do que ter amor, Deus é o próprio amor. Porque Deus ama, eu acredito piamente que Ele se importa com toda a sua criação e com cada ser que Ele criou. Minha crença em Deus tem que passar pela certeza de que Deus ama; no primeiro momento que eu negar que Deus ama, estarei negando Deus. Digo mais: a descoberta do amor de Deus é a verdadeira descoberta da existência de Deus. Alguém que afirmasse a existência de Deus, mas duvidasse do Seu amor, não estaria acreditando na existência de Deus. Para crer que Deus existe, eu preciso crer que Ele ama. Pode até acontecer de eu não amá-Lo direito, mas não posso negar que Ele me ama. Por isso, essas duas expressões devem sempre andar juntas quando falamos de Deus. Existe e ama! Não é possível uma sem a outra. Eu posso existir e não amar. Deus não pode.

(texto de padre Zezinho, disponível aqui )

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Prece ao Deus da Vida

Ó Deus da luzes, acende mais estrelas sobre a névoa que polui o nosso universo.
Ó Deus das águas, enche tuas ternas mãos nos mananciais dos nossos rios e irriga o jardim do teu planeta.
Ó Deus das plantas, cultiva as tuas árvores floridas nas clareiras abertas em nossas florestas.
Ó Deus das sementes, colhe as tuas searas nas nossas lavouras libertadas de venenos.
Ó Deus das criaturas, escolhe os teus animais inocentes do olhar das pessoas destruidoras.
Ó Deus das crianças, amacia mais o colo das mães para os teus bebês, que querem nascer.
Ó Deus dos adolescentes, amplia os sonhos de vida, com a tua presença.
Ó Deus dos jovens, caminha lado a lado com os que te querem por companheiro.
Ó Deus dos adultos, inspira projetos que construam, no nosso mundo, os teus sonhos.
Ó Deus dos anciãos, não esqueças que és eterno e eles vivem no tempo.
Ó Deus das famílias, onde guardaste a planta do paraíso terrestre? Procura-a. Nós a queremos para construir nossos lares.
Ó Deus das vozes e das harmonias, rege a paz nos gorjeios das tuas aves e nos cânticos dos nossos corais.
Ó Deus das artes, vem dançar e tocar em todos os nossos espaços sagrados.
Ó Deus das preces, faz o mundo inteiro ouvir a tua voz orante nos acalantos da natureza e nas rezas dos nossos templos.
Ó Deus dos amores, encobre todas as criaturas com o manto protetor de teu olhar.
(texto de Maria Inês Carniato, disponível aqui )

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Saber viver

Não sei...
Se a vida é curta
Ou longa demais pra nós.
Mas sei que nada do que vivemos
Tem sentido, se não tocamos o coração das pessoas.

Muitas vezes,
Basta ser:
Colo que acolhe,
Braço que envolve,
Palavra que conforta,
Silêncio que respeita,
Alegria que contagia,
Lágrima que corre,
Olhar que acaricia,
Desejo que sacia,
Amor que promove.

E isso não é coisa de outro mundo,
É o que dá sentido à vida.
É o que faz com que ela
Não seja nem curta,
Nem longa demais.
Mas que seja intensa,
Verdadeira, pura...
enquanto durar.

(texto de Cora Coralina, disponível aqui )

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Deus nos convida a ser santos

Por que celebramos o Dia de Todos os Santos? Com esta pergunta tem início uma famosa homilia de São Bernardo para esse dia. É uma pergunta atual e também é atual a resposta: "Os santos não precisam de nossas homenagens. Não há dúvida alguma, se veneramos os santos, o interesse é nosso, não deles." O significado da solenidade é este: contemplando o exemplo luminoso dos santos, despertar em nós o grande desejo de ser como os santos: felizes por viver próximos de Deus, na sua luz, na grande família dos amigos de Deus. Ser santo significa viver na intimidade com Deus, viver na sua família. Esta é a vocação de todos nós. Mas como podemos ser santos, amigos de Deus? Para ser santo não é necessário realizar ações nem obras extraordinárias, nem possuir carismas excepcionais. É preciso ouvir Jesus e depois segui-lo sem desanimar diante das dificuldades. Quanto mais imitarmos Jesus e permanecermos unidos a Ele, tanto mais entraremos no mistério da santidade divina. A santidade exige um esforço constante, mas é possível para todos porque, mais do que uma obra do homem, é um dom de Deus. Na nossa vida, tudo é dom do seu amor. Descobrimos que somos amados por Ele de modo infinito e isso nos impulsiona a amar os irmãos. Neste dia de Todos os Santos, proclamamos que os santos são nossos amigos e modelos de vida. Rezemos a eles para que nos ajudem a imitá-los e comprometamo-nos a responder com generosidade à vocação divina.
(adaptado de homilia do papa Bento XVI, disponível aqui )

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Dia de Finados (2 de novembro)

O culto aos mortos é muito antigo e esteve presente em quase todas as religiões, principalmente nas mais antigas. Inicialmente era ligado aos cultos agrários e de fertilidade. Os mais antigos acreditavam que, como as sementes, os mortos eram enterrados com vistas à ressurreição. Na Igreja Católica, o Dia de Finados surgiu como um vínculo suplementar entre vivos e mortos, destinado a todos. Já no século I, os cristãos visitavam os túmulos dos mártires para rezar pelos que morreram. No século V, a igreja dedicava um dia do ano para rezar por todos os mortos, pelos quais ninguém rezava e dos quais ninguém lembrava. No século X, a Igreja Católica instituiu oficialmente o Dia de Finados. Com o passar do tempo, a comemoração ultrapassou seu aspecto exclusivamente religioso, para revelar uma feição emotiva: a saudade de quem perdeu entes queridos. As pessoas costumam celebrar os mortos levando flores aos túmulos e rezando por eles. Alguns preferem chamar a data de "Dia da Saudade", retirando o peso do aspecto fúnebre e enfatizando as melhores lembranças daqueles que se foram.
(adaptado de texto da UFGNet, disponível aqui )

No dia de Finados não festejamos a morte. Celebramos nossa fé na ressurreição e a esperança do encontro com Deus. No dia de Finados lembramos e agradecemos a Deus a vida de nossos ascendentes, aqueles que nos antecederam. Paramos um minuto. Acendemos uma vela. Proferimos uma oração. Vamos à missa nos cemitérios ou comunidades. Agradecemos a Deus essa cadeia da vida que nos tornou possíveis e viventes. Não somos filhos do nada, nem começamos em nós mesmos. Somos sementes do amor de Deus transmitido por avós, pais e antepassados. Essa cadeia de gerações nos transmitiu vida e fé. A luz que nos iluminou através deles não se apagou com suas mortes. Acendemos velas para lembrar que essa luz segue nos iluminando, em nossos corações. Veneramos seus exemplos e imitamos sua fé. Enfeitamos as sepulturas com flores, símbolo da ressurreição. Na morte a vida não é tirada, mas transformada. Nossa vida é eterna.
(adaptado de texto disponível aqui )

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Dia de Todos os Santos (1º de novembro)

Quem são os santos a quem é dedicado o dia 1º de novembro? São todas as pessoas que viveram em suas vidas os ensinamentos de Jesus de maneira plena. Além de todos os santos que foram canonizados, isto é, reconhecidos pela Igreja, há também muitos outros santos anônimos, que viveram no mundo silenciosamente, carregando com dignidade a sua cruz. Santos são todos os que nos precederam em vida na terra, perseverando na fé em Cristo, seguindo seus mandamentos e vivendo o amor ao próximo. Portanto, são multidões e multidões, porque para Deus não existe maior ou menor santidade. Ele ama todos do mesmo modo. O que vale é o nosso testemunho de fidelidade e amor na fé em seu Filho, o Cristo, e que somente Deus conhece.
Rezemos por todas essas pessoas que souberam viver a vida com amor e dignidade; e por todos nós, para que possamos seguir seus exemplos e também nos tornarmos santos, seguidores de Jesus.
(adaptado de texto disponível aqui )