terça-feira, 17 de novembro de 2009

Consciência Negra: é preciso aceitar que o preconceito existe

O preconceito diz respeito a idéias formuladas “a priori”, "antes de conhecer", sobre as qualidades físicas, morais e intelectuais de indivíduos, e que conferem a esses indivíduos uma situação de inferioridade. Pela sua subjetividade, o preconceito é mais difícil de ser combatido e mais demorado para ser desconstruído. Entretanto, qualquer que seja a motivação — raça, cor, origem, classe social — o preconceito constitui um fator determinante da qualidade das relações entre aquele que se considera “superior” e aquele que é considerado “inferior”. É nessas relações que o preconceito se revela, sob a forma de discriminação. Orientada pelo preconceito, a discriminação é a ação concreta, que vai desde a afirmação verbal da inferioridade — os xingamentos, os tratamentos pejorativos — até as situações de humilhação e as iniciativas no sentido de impedir ou dificultar a comprovação de que essa inferioridade é infundada. Assim, pela sua concretude e objetividade, a discriminação racial pode ser identificada e deve ser combatida, tanto em nome do respeito ao ser humano quanto pelos princípios democráticos que igualam negros e não-negros como cidadãos. Todavia, a realidade indica que o caminho para o equacionamento da questão racial no Brasil tem algo em comum com o tratamento para o alcoolismo: o primeiro passo para a superação é aceitar que o problema existe.

(adaptado de texto de Azuete Fogaça, professora da Universidade Federal de Juiz de Fora e da Universidade Estácio de Sá do Rio de Janeiro, publicado no O Globo Online, em 22/04/2005, disponível aqui )

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