sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Gracias a la vida (Dou graças à vida)

Dou graças à vida que tem me dado tanto
Me deu dois luzeiros, que quando os abro
Perfeitamente distingo o preto do branco
E no alto do céu seu fundo estrelado
Nas multidões o homem que eu amo.

Dou graças à vida que tem me dado tanto
Me deu o ouvido, que em toda sua amplidão
Grava noite e dia grilos e canários
Martelos, turbinas, latidos, chuvadas
E a voz tão terna do meu bem-amado.

Dou graças à vida que tem me dado tanto
Me deu o som e o abecedário
Com ele as palavras, que penso e declaro
Pai, amigo, irmão e luz iluminando
A rota da alma do que estou amando.

Dou graças à vida que tem me dado tanto
Me deu a marcha dos meus pés cansados
Com eles andei cidades e charcos
Praias e desertos, montanha e plano
E a casa tua, tua rua e teu pátio.

Dou graças à vida que tem me dado tanto
Me deu o coração, que agita seu ritmo
Quando vejo o fruto do cérebro humano
Quando vejo o bom tão longe do mau
Quando vejo a profundeza de teus olhos claros.

Dou graças à vida que tem me dado tanto
Me deu o sorriso e também o pranto
Assim eu distingo, dita de quebranto
Os dois materiais que formam meu canto
E o canto de vocês que é o mesmo canto
E o canto de todos que é meu próprio canto.

(letra de música de Violeta Parra, compositora chilena, traduzida por Márcia Viegas; tradução disponível aqui e letra original aqui )

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