quinta-feira, 10 de junho de 2010

Expectativas do futebol

Já foi dada a largada. Já soou o apito inicial. Cada técnico só pode colocar onze em campo. A copa escala todo mundo. Todos nos sentimos atores, e se não conseguimos chutar o pênalti, temos nossa área de combate, onde tentamos fazer o possível para garantir a vitória. A prioridade absoluta deste mês especial, que começa no dia 11 de junho e vai até 11 de julho, é sem dúvida o futebol.
No meio deste clima contagiante, fica difícil pedir licença para refletir um pouco. Então, vamos para o minuto de silêncio. O momento de reflexão. A pausa para compreender de onde vem a força contagiante do esporte.
Não é difícil perceber a semelhança do esporte, seja qual for, com as artes bélicas. O esporte nasceu da guerra. Ou ao menos seus inícios se inspiraram nas batalhas. Como as guerras são cruéis, porque ceifam estupidamente vidas humanas, foi uma ideia genial fazer de conta que se guerreava, mas ninguém precisava morrer, mesmo havendo vencedores e perdedores.
Em todo o caso, o esporte mostra como existem energias insuspeitadas dentro das pessoas. Se fossem mobilizadas para causas comuns, o que poderia se conseguir em pouco tempo não está escrito.
Se fosse promovida, por exemplo, a copa do mundo contra o analfabetismo, promovendo o mutirão mundial para erradicar a incapacidade de interpretar e de produzir símbolos, numa atividade que desperta e aguça a inteligência, pois a alfabetização produz isto mesmo, que enorme batalha dava para empreender no mundo inteiro, e como seria suado chegar à meta e vencer as últimas resistências, como quem dribla o último defensor e até o próprio goleiro!
Ou se fosse promover outra copa mundial, destinada a saciar a fome do último mendigo, certamente não faltariam alimentos, logo descobriríamos que se ganharia o jogo distribuindo melhor os estoques, como quem sabe passar a bola no momento certo da jogada estratégica.
E assim seria com outros campeonatos para vencer as epidemias, que ultimamente estão se escalando por conta da inépcia dos governos.
Afinal, o esporte mostra como existem tantas energias desperdiçadas, por falta de motivação e de articulação. Quem sabe, nestes dias de absoluta prioridade do futebol, não deixemos de pensar nem percamos a cabeça. E seja qual for a seleção vencedora, que todos nos sintamos escalados a lutar pelas verdadeiras causas da humanidade que, graças a Deus, ainda dá sinais de vida!
(adaptado de texto de Dom Demétrio Valentini, Bispo de Jales/SP e Presidente da Cáritas Brasileira, disponível aqui )

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