segunda-feira, 1 de setembro de 2008

Semana da Pátria

Nesta semana, comemoramos a Semana da Pátria, antecedendo ao Dia da Independência do Brasil, no dia 7 de setembro. Ela foi criada com o objetivo de celebrarmos o patriotismo e o civismo. Mas o que vem a ser isso?
Desde pequeno, ouço falar da Pátria e das Semanas da Pátria... sem atinar bem com o significado profundo de ambas. Por vezes, intrigava-me – quando criança e adolescente – o ter que participar de paradas, desfiles, parecidos com os dos batalhões militares: fardas, rufar de tambores, passo cadenciado, clarins, fanfarras, competições... No meio de tudo isso gritava-se bem alto a ordem de Olavo Bilac: “Ama, com fé e orgulho, a terra em que nasceste!”. No que consistia esse amor e orgulho, essa fé? “Nunca verás um país como este”, argumentava-se... Nada disso me satisfazia.
Ser patriota ultrapassa o sentimentalismo de determinadas celebrações. É preciso procurar o sentido do civismo no respeito e devotamento ao que, efetiva e criativamente, promove o bem-comum, a educação integral, o respeito, a moralidade objetiva, o respeito pela linda natureza “da terra em que nasceste”.
O civismo inclui e pede, a cada momento e de cada cidadão, o esforço em se dedicar ao progresso e engrandecimento da Pátria. Esse progresso e engrandecimento não podem ser considerados unilateralmente do ponto de vista material, como avanço na riqueza, na economia, na tecnologia, na soberania e no poder.
Vivemos em um período da história onde, talvez mais do que nunca, o que importa é o bem-estar particular, individual. Perde-se o conceito chave do coletivo, do bem-comum a todos.
Uma das formas mais eficazes para chegar ao civismo é o interesse e a participação ativa nos problemas da própria comunidade. É no sentir e sofrer comum, no partilhar do dia-a-dia de cada irmão, é que desponta o civismo. É co-participação.
Que o meu patriotismo seja o rufar dos tambores da consciência: do dever a cumprir, da melhoria a propiciar, da busca do mais certo e justo, do abraço da verdade, do devotamento à causa comum, da identidade cultural, da sensibilidade por quem sofre, da fé nos valores morais e espirituais, do passo decidido em prol dos caídos e desanimados, da promoção dos menos favorecidos, da memória dos que nos desbravaram o caminho da igualdade, colocando um freio à ganância, à disparidade, às desigualdades.

(adaptado de textos de Dom Eusébio Oscar Scheid, arcebispo da Arquidiocese do Rio de Janeiro; veja os textos completos aqui e aqui)

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